sábado, 7 de fevereiro de 2009

TERAPIA VIOLÃO


Quando se encosta nas cordas de um violão
Quem começa a dizer é a alma
As vezes nervosa
Mas logo logo calma
É que verdade eu passo ser
Por demais
Confesso as mentiras que deixei para trás
Solto minhas alegrias
Reconheço a ventura da glória
Quando encosto nas cordas de um violão
Perco minha timidez
E falo do mundo
Com ou sem minha sensatez
Encosto no amor
Me esfrego com o pecado
Me sinto um louco
Nu
De braços abertos
No alto de um telhado
Quando encosto nas cordas de um violão
Fico bem acompanhado
De amigos poetas
De mulheres concretas
De portas abertas
Parece que em todo caminho
Existe desenhado
A seta
Quando encosto nas cordas de um violão
Também perco a direção
Em minha mente
Interrogação
Em minha música
A paixão
O calor do fogo de duas peles
O odor de um beijo dentro de um carro
A conversa de um namoro de portão
O conforto e a beleza de um quarto
As personalidades que calejam meu coração
O receio do sereno cenário do amor
Quando encosto nas cordas de um violão
Não sei se digo sim
Mas também quero dizer não
Não tenho dono
Sempre com meus bônus
E sem cautela para os ônus
Quando encosto nas cordas de um violão
Posso ser até sem educação
Engenheiro
Peão
Burguês
Soldado
Armado
De flores
Para minha sã embreaguês
Pois amo demais
Com defeitos e mais
Um sujeito em paz
No meu peito
Fé, vida, amizade, cuidado, ideologia
E nada mais

Jouber Nabor Lacerda