
O trabalho dignifica o homem, essa frase veio pela manhã em minha cabeça, acho que foi mais um estímulo involuntário e cerebral, para que a manhã iniciasse com todo vapor.
Mas a relação que nós temos com o trabalho é interessante, quando saimos de casa para trabalhar temos agregado o mesmo valor de caça que nossos primatas tinham, mas agora além da comida (sobrevivência do mais forte) é necessário ganhar um pouco mais para sustentar novos hábitos da sociedade moderna. A gente se encontra mais sério quando trabalha e até mesmo mais tenso, porque cada hora do dia queremos equiparar horas de funcionamento corporal e mental por dinheiro. Seria belo se essa equação hora-movimento funcionasse no Brasil, mas ok, reclamar nem sempre é a melhor saída, façamos então o necessário para o valor em dinheiro que no atual momento dão a você.
Eu fico pensando onde mora o talento das pessoas? Na busca por uma fatia do mercado mais lucrativo ???
Qual é realmente seu talento ?
Eu sempre tento analisar a classe social onde me encontro e percebo que a classe méida é a grande formadora de opinião dos hábitos sociais. Vivemos com o interesse da riqueza e lutamos com o medo da probreza e isso reflete muito na escolha de uma profissão.
Eu vi ha pouco tempo um anúncio da Nike que era um relato de um atleta, que nasceu pobre e mesmo assim venceu no atletismo, logo pensei:
- Se eu tivesse escolhido o atletismo para minha profissão, será que meu meio valorizaria tanto assim ?
Muito difícil, a classe média é a classe dos que buscam a mina de ouro, eles influenciam eles mesmos, seguem as tendências de mercado, ditam o emprego do momento e com isso não possuem tanta liberdade de escolha quanto se pensa. A busca pela profissionalização e sindicância do trabalho é toda criada por essa classe e de certa forma eu acho que profissionalizar é interessante, o problema nisso tudo é que existe um hierarqia de escolha.
No mercado do futebol você verá poucos jogadores da classe média, porque ? POrque o pai da classe média quer que você estude no exterior, faça um MBA, tente um concurso público, faça uma pós graduação, mestrado e doutorado, sonha isso tudo, mesmo não podendo pagar em muitos casos. O pai da classe média ao decorrer da vida nem sabe o que realmente você aprendeu com todos os ensinamentos custeados por ele. A preocupação paterna faz com que ele una o status de ter um filho bem sucedido mais o alívio de não ter deixado sua cria viver na pobreza.
Já o filho de pai pobre, não pode pagar sempre uma ótima escola para gabaritar as tendências de mercado (claro que isso não é uma regra, afinal quem busca o conhecimeno é indiferente de classe social) e talvez quando ele descobre que jogar bola crie o argumento e o sonho de que ele sairá da pobreza, acaba então caindo na mesma corrida dos ratos que a classe média vive, a busca pelo dinheiro. O doloroso é se realmente ele não for talentoso.
Todo esse "blablabla" tem o único objetivo de querer entender sobre o talento. Todos nós temos um talento, seja para simplesmente organizar as coisas, mover, criar, escrever, gesticular, interpretar ou qualquer outro verbo. Mas será que a educação de nosso país estimula o desenvolvimento de nosso talento ? Será que nesse momento que você lê este texto, o país se encontra com todos trabalhando em seus devidos talentos?
Essa é a dificuldade da vida, uma bola de neve de situações erradas, que não contribuem para muitos fatores brilhantes como o talento. Um dia indo pra São João Del Rey discutia com meu pai sobre a questão da dificuldade que um músico tinha para crescer na vida financeira, enfim ser independente com o que faz. Meu pai com todo argumento mercadológico deu fortes explicações da dificuldade deste setor, mas enquanto ele falava em ganhar dinheiro eu argumentava que a falta de investimento e o acúmulo da crença dele sobre este assunto, é o que prejudica o mercado da música. Vejamos bem, você acredita que pode ser um grande escritor e o mercado diz pra você que formar em Jornalismo é furada, porque poucos conseguem ganhar muito dinheiro e para ser bem sucedido é necessario ingressar na capital ou então dizem que se você estudar letras, será somente um professor de "merda". Em pleno terceiro ano do colégio o aluno descobre com argumentos sem qualquer fundamento a sua opção e nem adianta fazer o teste vocacional, porque caso o resultado seja artes cênicas o mercado vai convencer o contrário. O resultado do meu teste foi música, que ironia não ?
Com isso o pai do garoto investe em média 30 mil reais ao decorrer de 5 anos para que ele se forme em uma faculdade particular de renome, depois mais investimento para fazer um curso de gestão de négócios, viajar para o exterior, estudar inglês, para que seus testes de trainee não tenham a língua inglesa como barreira de aprovação.
Ok, os seres humanos são inteligentes e mesmo que talvez este não seja o talento do sujeito, a indução de novos conhecimentos faz com que ele também aprenda e se desenvolva, mas e se este não for o talento dele ?
Provavelmente ele vai conseguir um emprego em qualquer empresa grande, terá seu valor mensal e pegará a sua carteira de sócio da classe média, comprará seu carro do ano e o status dado a ele vai confortar sua frustração de trabalho.
Inverta todo esse investimento caro no talento do sujeito, ele pode não se tornar um homem multi-milionário, mas eu tenho certeza absoluta que ele encontrará na paixão de sua própria escolha uma forma de fazer dinheiro e pertencer á esta mediocre classe média.
É muito contraditório, nascemos com o famoso discurso de buscar a felicidade e quando chega a hora de você escolher sua função, que dará ao mundo algum benefício, chegam pra você e dizem que pra ser feliz nem sempre é com aquilo que você escolheu. É uma pena, mas quem sabe em alguma outra vida, a gente tenha mais liberdade e estrutura de escolha, porque enquanto as grandes empresas zelam pelo trabalho em equipe, nós não sabemos 1/3 da metade do que seria trabalhar em equipe para uma empresa chamada planeta TERRA.
E outra coisa, nem tudo está perdido, aquele ditado de ser brasileiro e não desistir do sonho , realmente é um forte slogan de campanha.
Jouber Nabor Lacerda