Quitutes da mamãe

Eu tenho uma grave deficiência, não sei cozinhar, morei sozinho, fiz meus miojos e aprendi com meu amigo de república um belo macarrão, mas a falta de prática me fez esquecer rsrsrs.
Cozinhar realmente é uma arte, um presente, digamos que um ato de belo romantismo, falo até mais, uma forma de comunicação (que para um publicitário isso pode ser tudo).
Eu posso não saber cozinhar, mas o valor que dou para quem pratica um ótima culinária é extremo. Um dia uma amiga disse que sua única inveja assumida com clareza, é com quem escreva bem, pegando este pensamento eu assumo minha inveja também, mas para quem cozinhe muito bem.
Falar de culinária é a todo momento remeter a imagem da mulher da minha vida, minha mãe, esta sabe muito bem ser criativa, pesquisadora e espontânea no setor da culinária. Cada um tem um estilo na hora de cozinhar, alguns com sofisticação, alguns populares, outros exóticos e outos e outros. E minha mãe norteia pelo popular com leves toques de sofisticação, mas a arte da culinária é sempre uma, pelo paladar você pede desculpas, diz que ama, pede carinho, chama atenção, dá bem vindo e faz surpresas. Minha mãe é o tipo de pessoa que senta no sofá, coloca seus óculos e quando você acha que ela está lendo um livro ou revista, realmente ela está, só que de culinária. Enquanto ela lê, as vezes é visto algumas línguas para fora da boca rodeando sutilmente os lábios e é notório que a receita lida deve ser maravilhosa. E toda esta literatura proporciona a ela a produção de um bolo, um doce, um salgado, um estilo e um novo fazer. Na verade proporciona a mim também e eu acho um máximo, quer dizer, uma delícia.
Fui mal acostumado, já recebi leitinho na cama, rotineiros café da manhã de mesa enfeitada e muito amor entrelaçado dentro de fibras alimentares, só não tenho sempre porque ultimamente eu já acordo na hora de ir pro trabalho. Se fui mimado ? Desconfio que sim rrsrsrs e tenho a conviccção, que não posso jamais procurar uma mulher como minha mãe, talvez eu piore rsrsrs. Na verdade o certo era que eu providenciasse de imediato minha independência alimentar, enfim, aprender a arte da culinária, mas confesso que o meu forte é saborear rsrsrs. E falo com toda audácia rsrs, um dos reponsáveis pelo "upgrade" do cozinhar da minha mãe, certamente deve ter sido eu. Afinal quem sabe saborar, sabe criticar e digo isso elogiando ou reprovando, claro que tudo com delicadeza e clara argumentação rsrsrs.
E foi em um final de semana que minha mãe fez um daqueles "quitudes" sensacionais, eu não sei o nome da receita, mas como sou publicitário vou chamar de "MANJAR DE MORANGO" (em português mesmo pra ficar popular). Ah ele veio acompanhado com uma torta salgada que também era uma delícia.
Eu estava em meu quarto quando minha mãe gritou meu nome para o almoço. Eu já imaginava que a comida seria boa, porque minha irmã que mora em Belo Horizonte estava passando o final de semana com a gente. Eu adoro visitas, tudo bem que de natureza a comida de minha mãe é saborosa, mas quando tem visita sempre rola um toque especial, por isso que eu disse que com a comida damos até bem vindo. Então cheguei na cozinha, minha mãe havia preparado o almoço na mesa de lanches e quando avistei, as cores bateram como um anúncio em meu olhos, tava bonito de se ver, não satisfeito em saborear eu tive até que tirar uma foto. E hoje pela manhã quando vi esta foto fiquei até com saudade daquele dia, olhei para o telefone e quase liguei para minha mãe avisando que almoçaria em casa, que pena, eu não vim de carro hoje.
Resolvi então escrever este texto no blog, porque de tanta fome fiquei, sei que quando a comida chegar aqui na agência, psicologicamente terá o mesmo sabor, só que sem MANJAR DE MORANGO rsrsrsrs.

Jouber Nabor Lacerda


Fotografia: Jouber Nabor Lacerda