quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O PUBLICITÁRIO


Toda vez que econtro meu vô, ele pergunta:
- Meu filho, qual sua profissão mesmo ?
Eu respondo:
- Eu sou publicitário vô, sabe aqueles anúncios que você vê na telvisão, pois é, criar aquilo é minha profissão
Meu vô:
- Mas você faz jornal também ?
Eu:
Não vô quem produz jornal é jornalista (ou a maquina de fazer jornal rsrsr), mas é próximo porque trabalha com mídia também.
Meu avô olha pra mim, percebe que não entende e com um leve sorriso diz:
-Parabens meu filho, tabalhar é muito bom, você tem futuro.
Pois é, ser publicitário na mente das pessoas até mesmo dos jovens é mais ou menos isso. Eu sei o que é, mas como é mesmo ?
Então vou dizer pra você:
- Ser publicitário não é somente criar anúnico pra você sorrir e se comover, não é ser o gênio das idéias ou muito menos o poético dadaísta. Ser publicitário é um estilo de vida. E tenha certeza, existem publicítarios médicos, advogados, políticos, varredores de rua, administradores e professores.
Eu nunca entendi a minha obsessão por escutar o que as pessoas tem a dizer, sempre uma história diferente, uma tristeza, uma alegria, uma conquista ou decepção. Na verdade eu me sinto as vezes incomodado em querer saber tanto sobre os que as pessoas tem a dizer, e por favor, minha curiosidade não é a vida alheia, não é saber quem é fulano ou cicrano, não é andar somente com o playboyzinho do dinheiro.
Eu sempre tive todo tipo de amigo, mesmo não sendo amigo de todo mundo, mas quando vejo as pessoas falando de histórias particulares, percebo que naquele momento todos são publicitários, todos querem uma boa imagem da história que está sendo contada, mesmo que ele tenha cometido um crime, sempre ao contar vai existir uma explicação, convincente ou não para quem escuta, mas com muito certeza pra quem conta.
A cada pessoa que conheço eu me sinto assim, encatado com aquela breve sinópse de seus pensamentos, então penso:
- Esse menina(o) pode ser a pessoa mais insuportável do mundo, mas se fizerem um filme sobre a vida dela, colocando um ator famoso como representante, todos vão parar para assistir com muito interesse.
Eaí eu explico, é assim que a gente ganha dinheiro, não estou falando de proporção, mas sim de uma forma pra explicar onde mora a minha remuneração. Se todos podem ir ao cinema para assitir uma história interessante, eu posso contar a história interessante de alguém, no caso um produto ou um serviço.
O cliente chega na agência, olha pra você com uma cara de difícil, fica um pouco acanhado em soltar informações confidênciais da empresa e quer que você crie uma peça, que vai fazer com que a empresa venda todo o estoque. Sentiu a pressão ? Ele joga toda solução em minhas mãos, mas não é bem assim. Eu preciso da sinópse, preciso da história e perguntar igual o Raul Seixas:
- De onde venho, pra onde vou, ou melhor, de onde veio, pra onde você quer ir ? Porque você começou mexer com esse produto ? Qual o interesse que você tem com o público que vai consumir isto ?
Então começa a sessão longa metragem, é brilhante, muitas das reuniões que tenho aqui na agência eu gostaria de filmar, mas por questões éticas, eu somente observo. Em muitos você percebe a falta de noção e conhecimento no que está trabalhando. A pessoa está ali porque imaginou que aquilo daria dinheiro e pronto e não pense que por causa disso eu acho que o trabalho pode sair ruim, a chance é grande, mas quando penso que aquela pessoa, que mais parece um cego no tiroteio, teve a coragem de abrir um negócio e fazer daquele produto um ganha pão, eu acho a sinópse interessante do mesmo jeito. Daí adiante é o clichê de sempre, reunião, planejamento, idéias, blablabla uauuauau e vamos vender seu peixe. Eu não vou entrar no mérito de campanha nenhuma de clinte algum, meu serviço é a mesma rotina de qualquer um, cada caso um caso, cada produto um desafio, igual a todas as outras profissões.
O que quero dizer é que ganhar dinheiro pra escutar a história de vida e trabalho de alguém é sensacional, claro que eu tenho que fazer meu trabalho, gerar resultado, detectar o problema e assim vai, mas para um publicitário o importante é a sinópse, nela você encotra o slogan, a embalagem, a marca, o produto, o defeito, a qualidade e outras "cossistas más" e assim também são as pessoas, de onde você acha que veio o marketing pessoal . Percebeu ? Você não trabalha sozinho, você trabalha em cima de uma história, você só tem que aprender a conta-la como um filme em cartaz no cinema, e nesta área o filme é dividido em vários 30 segundos, enfim a sinopse da sinopse. E dentro desta caixinha de supresa vive a caixa de pandora, que dentro desta, habita o cliente que quer vender sem dinheiro para pagar, o outro que vem com a idéia pronta e não quer ouvir você, a moça que acha que a campanha não foi um sucesso por causa da cor do fundo do outdoor e mais um que quer ter uma marca bonita, com efeito, impacto, simples e objetiva, mas acha caro. Toda essa loucura passa até ser prazerosa, você ri, você pira, você se envolve, pede férias, mas nunca consegue parar.
Meu amigo uma vez me disse que se for possível eu vendo até avião caído. Mas pare e pense, se for um avião kamikase da segunda guerra mundial, cada peça ali pode valer ouro e se for uma avião comum, deve existir empresas que reciclam sucata, concluindo, se for preciso eu vendo um avião caído.
Aí você pensa, publicitário é mercenário, só pensa em dinheiro. Isto é maldade viu? O que ele pensa, é que se ele pode contar a sua história de um jeito positivo, ele merece levar um trocado para comer "o pão de cada dia que nos dái hoje" e não se preocupe, eu eu perdôo a sua ofensa.


Jouber Nabor Lacerda



Eaí ? Qual a sua profissão ? O que faz você gostar dela ?

3 comentários:

Thiago Moreira disse...

mercenário!

Pensações disse...

Os publicitários se paracem muito com os jornalistas. E não é só pq trabalham com mídia. É pq também têm que requentar histórias...contar as histórias dos produtos, mas as histórias do mundo, das pessoas...da melhor forma possível.
Vender jornal é punk!!!

Thaís Butterfly εїз disse...

Sabia que as duas profissões mais odiadas pelas pessoas são a advocacia e a publicidade.
Eu sou estudante de direito e meu namorado de publicidade, seremos o casal mais odiado e marginalizado da sociedade.. rs-*

As pessoas tem mesmo essa mania de criar rótulos, os publicitários são ótimos!
Obs: E os advoados também!