quinta-feira, 6 de março de 2008

A MARCA DA VEZ

Eu sempre admirei as roupas, nunca fui um grande consumidor de marcas famosas, mas sempre garimpei algumas marcas que me agradaram visualmente e depois que comecei a viver o mundo da publicidade, me tornei ainda menos usuário das marcas de roupa e ainda mais admirador. Não sei se faz sentido, mas me tornar escravo do uso de marca pode me fazer ter uma visão unilateral sobre o assunto, por isso vez e outra eu compro uma peça da "marquinha do momento" só pra saber como se sente o usuário. Antes de falar de uma marca que estou admirando, devo contar sobre outra que de uns tempos pra cá me causa pavor, não que eu tenha pavor ao usuário da marca, mas sim a forma como esta deixou se perder.
Os irmãos alemães Adi Dassler e Rudolf Dassler foram dois dos demais responsáveis pelo desenvolvimento competitivo do mercado internacional de materiais esportivos, mas segundo as más línguas, algumas desavenças de trabalho fizeram com eles se separassem e assim nasceu a Adidas por Adi Dassler e a Puma Rudolf Dassler.
Em todo meu tempo de vida (23 anos) e reconhecimento de marcas do foco esportivo, sempre tive em minha mente marcas como Adidas, Nike, Reebok, Asics (sumiu), Diadora (tempo do Guga) entre outras. Em algum momento cheguei a ouvir o nome PUMA, uma marca que tinha um felino saltando, mas pelo menos no Brasil ela não era tão usada assim.
A Puma começou seu mercado vendendo chuteiras e fez com que as celebridades do esporte como o Pelé usassem sua marca. O “Boom” de compras dos produtos Puma no Brasil, vem de uns 5 a 6 anos pra cá, mas o ressurgimento de um intensivo trabalho de marca vem desde 1994, quando a Puma resolveu ter sua entrada no mercado de ações. Com isso, ela conseguiu produzir uniformes para a liga de futebol americano, NBA, uma grande parcela da delegação de futebol africano, Ferrari, BMW, Willian e Renault. A marca contratou estilistas conceituados e famosos designers para uma restauração de seus produtos.
A Puma então veio com a bola toda,quer dizer, com o tênis, a jaqueta, camisa e outros acessórios. Em qualquer boite ou bar eu sempre via aqueles amigos que eram taxados como "playboyzinhos" com a marca no peito e ninguém melhor que eles para propagarem uma marca, afinal o "Playboy" de verdade paga caro pela qualidade e não pela marca, após um reconhecimento da qualidade é que ele cria simpatia e se torna um cliente consumidor e já que ele tem grana para comprar, porque não usar. Ao contrário dos aspirantes à playboy (estes tem dos muitos), eles consomem por puro status social e acabam tendo a sorte de comprar um produto que teve um alto investimento para qualidade, mas não vou falar deles hoje.
Então só se falava em Puma, a jaqueta da puma, o tênis da puma, o boné e alguns vestiam Puma da cabeça ao pé, até que a Puma fortaleceu também seu vestuário feminino, com cores rosas e chamativas criou bolsas, camisas, vestidos entre outros, foi uma febre, onde eu andava via aquela fera saltando da camisa das pessoas, eu já não agüentava mais, todos usavam aquilo e meu incômodo não era porque todos usavam e sim porque a marca já cansava meus olhos. Outra coisa que contribui para o declínio visual desta marca no meu ponto de vista, foi a pirataria, no começo o felino da Puma aparecia no canto da camisa, bem discreto e depois que a marca caiu no gosto das pessoas, o felino passou a ser do tamanho da própria camisa, sem contar com o número de camisas de baixa qualidade no tecido que foram jogadas no mercado informal.
O problema da Puma não é o produto, o designer dos tênis que esta marca produz ainda causa impacto e quem sabe eu até compre, mas essa explícita utilização da marca pode fazer com que ela suma novamente, pelo menos no Brasil, um lugar onde o consumo de produtos falsificados é enorme. Outro fator que pode ser encontrado, é na falta de foco de um principal produto, no começo eram chuteiras, depois sapatilhas esportivas, vieram as camisas, o tênis street, e assim foi. A puma investiu alto demais na marca e esqueceu de dar um cargo chefe para alguém.
A Nike por exemplo tem todo o tipo de produto, mas o seu valor agregado mora na tecnologia, utilidade, conforto e designer de seus tênis, eles são os cargos chefe de venda da mesma, o resto é qualidade, tecnologia e status provido do mesmo.
Então pensei, qual outra marca vai aparecer com uma idéia inovadora ?
Enquanto toda a guerra das multinacionais de materiais e roupas esportivas estava sendo traçada, em 1989 um tal de Oskar Metsavaht criou uma marca que expressava um estilo lifestyle, uma mistura dos esportes da Califórnia com o visual europeu e uma pitada de forte tempêro do "Brazilian Soul". Sua primeira loja foi inaugurada no Balneário de Búzios, no estado do Rio de Janeiro (o nome do cara é de gringo, mas a marca nasceu aqui mané, vai deixar de comprar agora ? Tomara que não).
OSKLEN, eis o nome da criatividade. Sim, você vai pensar agora:
- Ah, mas já tem um monte de gente usando OSKLEN, meus amigos todos já têm uma camisa da OSKLEN, do mesmo jeito que era a Puma.
Então vou explicar que seus amigos, mesmo os sub-playboys que se vestem só por status, estão sendo vítimas de bom gosto e criatividade.
Na cidade onde moro, as pessoas ainda não vestem a alta costura da OSKLEN, o que se veste aqui são as roupas mais básicas, que mesmo assim tem um preço elevado em relação às outras marcas. Alguns amigos compram quando vão ao Rio de Janeiro. Em Ipatinga a loja que se destaca nas vendas da marca é a Leila Costa.
A primeira vez que percebi a marca foi com alguns amigos, aquele taxados de "playboys". Então fui ao clube e vi um amigo com um coqueirinho estilizado no lado esquerdo do peito, apareceu outro de um jeito diferente mas com o mesmo designer, fui vendo que aquilo já tinha proliferada entres eles e esperei o momento certo para falar sobre aquela marca. Fui na internet e escrevi no Google "Marca Coqueiro" e foi de fato que não encontrei nada sobre. Continuei reparando e vi que tinha algo de especial naquela marca, o corte parecia cair bem em todas as pessoas ou em uma grande maioria, o tecido aparentava ser de qualidade e o público que usava tinha uma grande preocupação com marcas. Até que um dia perguntei a um amigo:
- Velho, que camisa massa, onde você comprou ?
Amigo:
- Leila Costa
Eu já sabia que a Leila Costa era a loja que vendia as grandes marcas, então fiquei calado a espera do que eu queria, o nome da marca. Dito e feito, sem que eu o perguntasse continuou:
- Cara, lá está vendendo umas camisas da OSKLEN muito boa.
Pronto descobri o nome agora é reparar se todo mundo vai usar esse coqueirinho igual a Puma.
Entrei no site e tive e bela surpresa, a marca do coqueirinho não tinha o coqueirinho como marca, a estratégia de venda da OSKLEN era propagar a marca da coleção de alta costura nas camisas básicas e aquela edição se chamava IPANEMA SUMMER COLLECTION 2007, inspirado nos elementos visuais do RIO DE JANEIRO, como o calçadão, os coqueiros, as folhas de palmeira e ao surf lifestyle. Enfim, poderiam sim, todos usarem o coqueirinho da mesma forma que a PUMA, mas uma hora outra coleção ia chegar, esperta marca não ?
O segredo da OSKLEN está na simplicidade das estampas e na criatividade dos temas das coleções, que muitas vezes parece ser uma marca e isso dificulta até mesmo a falsificação, afinal os consumidores de produtos falsificados buscam somente aplicar a marca do peito para se sentir como o playboy que ele tanto critica, eles não têm o hábito de acompanhar as coleções, eles não entram no site para ver o que tem de novo ou pegam os catálogos das lojas revendedoras. Eles simplesmente olham o que está na rua, procuram onde comprar e fato consumado.
Você também não precisa virar escravo da marca, afinal a concorrência faz um preço melhor e um aumento de qualidade, mas dar valor a marcas que sabem trabalhar como marca, é bem importante.
Eu tenho certeza que essa idéia de coleções e ícones que parecem marca foi tudo intencional, caso não tenha sido, o que é muito difícil, os Deuses espirituais da propaganda devem estar abanando o dono destas idéias. Marcas assim eu tenho até medo de comprar, posso ser fisgado por impulso rsrsrsr. Agora é ver e acompanhar até onde vai a OSKLEN.

OBS: Hoje a OSKLEN tem 41 lojas e parece que a marca BRIGADE ( aquela que tem um "e" com um traço embaixo ) financia este crescimento.

TEXTO: Jouber Nabor Lacerda

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse post foi do caralho velho! Eu gosto pacas de roupas de grife, mas tambem tenho as minhas favoritas as marcas que ficam em alta sempre caem rapido, curto muito Reggae Nation, Lost, Oakley (exceto oculos como vc disse falsificações d+). Isso é interessante as marcas vendem conceitos e se o conceito casa com o tipo de estampa já era vc ta preso hehe, quanto a qualidade meu amigo sem comentarios eu comprei uma camisa M numa loja que começa com C e termina com A uma vez quanto eu lavei fiquei surpreso ela se transformou em tam. P kkkkkkkkkk. Abraços curto d+ falar de marcas Branding hauiahiu