quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Um dia de tristeza pode ser uma grande novidade.


Tem dia que é assim, você acorda estranho, acha que é o mau humor matutino, mas aquilo não passa. Descobre então que uma nuvem negra paira sobre sua cabeça, a tristeza toma conta e muitas vezes o choro engasga sua garganta.
Eu me pergunto, porque estou triste, nada me fez mal ? Não, não é depressão pós loucas baladas, inclusive, eu nem saí ontem.
Tem dia que o espírito está fraco de energias e muitas vezes eu creio que alguém está sugando de mim, mas qual a solução ? Uma cama, um sono, uma oração ? Não, isso tudo eu também já fiz. Alguém aí do céu pode fazer meu dia feliz ?
E nesses dias eu tento ver o lado positivo, o otimismo pra tristeza, então percebo que penso em coisas que fiz, erros, acertos e consertos, mas mesmo assim, nada me deixa feliz. Será que somente eu tenho isso, será urucumbaca, forte feitiço? Nada disso, é simplesmente porque tem que ser assim, pra fazer poesia alegre, não basta somente sorrir e quem disse que a alegria é tema da melhor poesia ?
E foi nesse dia que descobri que não é somente a minha pessoa que se encontra as vezes triste sem razão. Um dia quando fui ao trabalho, senti um clima estranho no ar, cumprimentei a secretária e meu chefe e sem muito papo liguei o computador e fui logo criar, quer dizer, tentar. Aquele dia eu queria fazer um anúncio triste, tipo propaganda de comoção, mas por falta daquele tipo de cliente deixei meu pensamento em vão.
Então meu chefe vem até a mim, dizendo que precisávamos pegar um dinheiro com um cliente.
Pensei:
- Tudo bem, ele não precisa de mim para pegar este dinheiro, mas como meu pensamento não iria render nada aquele dia e minha luta com o relógio seria quase uma guerra mundial, resolvi ir com ele.
Entrei no carro sem assunto e não foi como de costume, pois sempre analisamos os outdoors, busdoor ou qualquer tipo de publicidade na rua. Não falamos de cliente tal, de idéia tal e até mesmo de mulher como em toda conversa de homem. Chegamos na loja para pegar o dinheiro e o responsável financeiro não estava lá. Entramos no carro e foi aí que descobri que eu não estava sozinho no mundo. Meu chefe disse:
- Véi (sim, ele me chama de véi), estou estranho hoje cara, me bateu uma tristeza, que o motivo eu não sei.
Eu com olhos arregalados me direcionei com um sorriso (talvez o primeiro sorriso do dia):
- Puta que merda, véi eu também estou desse jeito, você está falando sério ou percebeu que estou calado e resolveu falar isso ?
Meu chefe:
- Não cara, estou falando sério, se ao menos algo de ruim tivesse acontecido seria menos mal.
Eu:
- Pois é né, que merda isso bicho.
Então meu chefe teve uma idéia genial, acho que a melhor criação publicitária do dia. Como bom representante da boémia social, fomos para o bar do Carlinhos, bastante conhecido por ter ganho o festival comida de buteco em Ipatinga. Pedimos a cerveja e começamos a falar da vida e como todo bar é santuário de conversa e filosofia, me vi cercado de homens com a faixa etária de 40 a 50 anos, levando o mesmo tipo de conversa que tenho com meus amigos de 20 e poucos. Naquilo falamos de política, mulher, acidente de carro, viagens, rodovias, dinheiro, aluguel, apartamento e pra finalizar trabalhamos um pouco. Tive sábias lições de publicidade e mesmo que o assunto não fosse propaganda e mídia, linkei dali fortes idéias.
Então meu chefe fala:
- Jobão, pegue o carro e vai lá buscar aquele dinheiro na loja.
Eu olhei e disse:
- Uai, pode mesmo, não vai ligar ?
Chefe:
- Pega lá véi, se não a gente fica sem grana hoje.
Eu me senti um menino, afinal meu pai tem o mesmo modelo de automóvel e nunca deixa eu dirigir (não que meu pai seja ruim, ele tem suas razões e uma delas é que eu não cuido muito bem do carro rsrsrs, estou mudando isso rsrsrs).
Peguei o carro dele e fui buscar o dinheiro. Nossa, como é bom dirgir, nuca fui um grande motorista de habilidades, mas adoro aquela sensação de movimento e por incrível que pareça, as vezes quanto mais lento eu acho melhor.
De volta, bebemos, conversamos e quando perguntei a hora (não sei porque, não gosto muito de relógio, mas gosto daquele quadro do Salvador Dali onde o relógio está derretido, porque será? rsrs) já tinha passado das 18:00 hrs e quando parei pra pensar perguntei ao meu chefe:
- E aí a tristeza se foi ?
Chefe:
- Curado eu não estou, mas me sinto bem melhor.
Talvez por nível de idade a cura demore mais, pois eu já estava curadinho, pronto pra sorrir, falar merda ou contar piadas e uma frase ao fim do dia veio em minha cabeça. Um dia de tristeza pode ser uma grande novidade.


Jouber Nabor Lacerda


FOtografia: Nilmar Lage - A Ultima chama
http://www.flickr.com/photos/nilmarlage/1223423806/

2 comentários:

Garota Expectativa disse...

Digo mais meu amigo.. um dia de tristeza pode ser mais q uma novidade.. pode ser o anuncio da felicidade!!!
Ontem meu fim de dia foi triste.. estudei demais.. e fiquei pensando q td isso pode ser inultil ou q a utilidade ia demorar demais a chegar... entao chorei um pouco e n estudei mais...
Mas ai fui dormir e pensei.. caramba eu sempre soube q ia ser assim.. no mais.. hj aprendi coisa pra cara&@# e aprender sempre foi e será encantador pra mim!
Resultado da tristeza do dia anterior: hj to com os mesmos problemas de ontem a tarde.. mas to feliz.. simplemente pq to..rs! tristeza serve mesmo é de contraste.. pra entedermos a felicidade!!!
Adorei o texto!

Bruno disse...

Jobão, isso acontece com todo mundo. Temos direiro de ficar assim às vezes.