terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Você precisa de uma arte ?
Faça um cartão pra mim ?
Estou precisando de uma arte ?
Eu estou querendo um símbolo pra minha empresa ?
Nossa, isso tudo pra uma marquinha deste tamanho ?
É isso, trabalhar com publicidade é mais o menos assim. A maioria dos comerciantes seja da capital ou no interior, chegam nas agências de propaganda com estas perguntas. Não que isso seja ruim, afinal além da responsabilidade de fazer uma "arte" (como eles dizem) nossa função é orientar o que é necessário para o cliente naquele momento.
O objetivo de todo interesse entre comerciante e agência é fazer com que a empresa dele, se destaque no mercado e venda mais. O problema que muitos acreditam que uma simples campanha em outdoor ou na tv vai trazer resultados, muitas vezes eles já chegam na agência com um idéia formada, acreditando que aquilo que ele pensa realmente vai funcionar, pois certamente o contato direto com o negócio e empresa que ele é dono, facilita o processo de criação e estratégia de venda. Sim, o dono facilita tudo e facilitaria ainda mais se ele deixasse seus pensamentos todos no briefing. Briefing ? Para aqueles que não sabem, este é um questionário que busca a história sentimental, financeira e funcional da empresa. O engraçado disso é que quando se cai no mercado, principalmente do interior, você pode muitas vezes criar alguma coisa sem ter um briefing em mãos, o famoso "se vira nos 30".
O mercado do interior tem muitas deficiências, sejam elas entre agência e cliente ou virse versa, mas no interior podemos nos envolver mais com o cliente, no interior você desenvolve seu lado de atendimento, vendas e criação. Você acaba fazendo de tudo um pouco e percebe muito mais o organismo vivo e complexo que é a propaganda, e claro, o resultado que ela pretende alcançar. Este processo multidisciplinar ajuda com que o profissional, se aproxime ainda mais do cliente e em muitos casos uma relação de amizade pode até nascer. Quantos publicitários já se sentiram psicólogos em uma reunião com o cliente ? Quando menos se espera, está o cliente contando algum problema familiar e o profissional se envolve de tal forma, que parece ter estudado para aquilo.
Muitos clientes quando chegam na agência com a famosa frase "Estou precisando de uma arte", acreditam que para os profissionais que trabalham na propaganda ou no design, esse é um processo criativo e normal. Então continuem pensando assim, mas se lembrem que este processo criativo é vindo de inspiração, pesquisa e criatividade. Eu não vou ser demagogo, muitas vezes ao acordar pela madrugada ou seja lá qual hora, os profissionais desta área têm o famoso "insite", um bombardeio de idéias que levam rapidamente ao resultado final de um trabalho, mas isto não é sempre. O processo não precisa ser lento, mas também não precisa ser da noite para o dia e mesmo que seja assim, não é ideal que você apresente o trabalho em data anterior a que foi marcada, pois no meio do caminho você pode ter uma outra idéia interessante.
Outra fato é quando o cliente toma consciência da importância de uma marca para sua empresa, ele fica deslumbrado com olhos cheios de água e então pede para o publicitário:
- Eu quero uma marca bem bonita pra minha empresa, eu gosto de vermelho, adoro pirâmides, mas gosto também de retângulo e odeio azul.
É normal essa expectativa, eu custei a entender, mas hoje vejo que da mesma forma em que um dia entrei em uma loja para comprar meu violão, o cliente entra na agência. Ele aparenta já ver a marca, mas não consegue ver como é marca de um jeito certo e aplicável (na maioria dos casos). Se ele vende madeira, já começa a visualizar uma "ripa de madeira com bilhos", se vende cerâmica, já imagina um "tijolinho bem bonitinho", se vende carro, já enxerga uma roda bacana ou o esboço de um carro em velocidade. Então você escuta todos os gostos do cliente, pergunta sobre a empresa e pede em média 3 semanas pra criar. Alguns olham e pensam:
- Isso tudo pra desenhar o que estou pensando, é tempo demais ?
Eu sei, é frustrante, todos querem comprar algo e já sair com o produto em mãos, só que com a propaganda não é bem assim. Existe todo um processo de elaboração e mesmo que a agência venda pra você um simples sinal de certo (nike), tenha a certeza que por trás daquilo um conceito foi criado, para que sua marca tenha uma identidade com seu produto de venda.
Quer ver uma cena mais engraçada ? Quando você negocia o preço de uma marca.
Em média no mercado profissional do interior, uma marca pode ser vendida por R$ 2.000,00 dependendo do cliente, esse valor varia muito mas o mínimo aconselhável seria R$ 900,00. O cliente olha com uma cara de espanto e não acredita e o que acontece na maioria das vezes, é desistir e procurar uma gráfica que faça uma marca e mais 1000 cartões de visita. Então pense comigo, veja como este preço pode ser muitas vezes justo. Você monta uma empresa de tênis e seu talento faz com que as pessoas passem a comprar seu tênis, com isso você pretende criar uma marca que diferencie seu produto, então uma agência de publicidade cria pra você um símbolo no formato de um certo (exemplo NIKE), sua empresa descobre que publicidade funciona, faz eventos, aparece na tv, investe na qualidade do produto e com menos de 5 anos você tem um faturamento anual de 10 milhões de reais (exemplo pequeno perto do que é a nike). O cara que criou a sua marca certamente cresceu e também deve está ganhando muito dinheiro, mas aí eu pergunto pra você:
- Valeu a pena o investimento de R$ 2.000,00, para um faturamento anual de 10 milhões ?
Caros e nobres amigos, publicidade não é somente a marca, o cartão, o outdoor, tv, internet e a rádio, a propaganda não tem limite pra ser uma propaganda, ela pode ser o toque do seu celular, o emoticons do seu msn, o formato da xícara da sua casa ou seja lá qual outra idéia ousada e criativa você permitiu com que seu publicitário trabalhasse. E o publicitário não é o dono das idéias, muitas vezes ele coloca na propaganda bordões de ilustres personagens desconhecidos na rua, mas que quando aparece em um anúncio, você acaba escutando em qualquer lugar.
Todos nós começamos um negócio pensando alto até demais, a gente viaja, na Coca- Cola, Nike, DOCE GABANA, ARMANI e outras marcas mundiais, mas não sabemos nem o começo de cada história, quantos anos de empresa e se elas já começaram como mega investimentos. Então se criam padrões:
- Nossa eu quero um propaganda tipo a de fulano, tipo a da marca tal. Felizes são eles que não querem uma propaganda igual a sua, mas eu não descarto em nenhum momento as referências visuais ou auditivas, o que é bem diferente de tentar ser igual.
Quando falaram pra você um dia o ditado que a propaganda boca a boca é mais funcional, não erraram mesmo, mas você sabe fazer sua empresa cair na boca das pessoas ? Eis que surge a regra dos 20 %. Se você conhece 800 pessoas, você não precisa dizer para este número total, que acabara de montar um negócio. A dica é uma ação que aparenta ser mais fácil e menos cansativa, mas não é. Escolha a dedo 20% do número de pessoas que você conhece. Estas pessoas devem ser influentes, sejam elas consumidoras de seu produto ou somente pessoas que você acredita que pode atrair mais gente para se tornar um cliente. O cartão de visita foi criado justamente para isso, não é necessário que você entregue seu cartão de visita para todos, é necessário detectar se aquela pessoa tem necessidade do produto que você vende ou que conheça alguém que precise, isso tudo dentro de uma conversa e outra, não vai achar que cartão de visita é igual panfleto.
A famosa arte que todos procuram, não é somente visual, inclusive está arte visual é a ponta de um iceberg, o que você precisa é pedir em uma agência a arte completa da publicidade e propaganda, sem ser tudo de uma vez e respeitando as etapas, afinal isso é similar a um investimento de ações, longo prazo para grandes resultados.
Texto: Jouber Nabor Lacerda
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